“O
assassinato do agente penitenciário Luiz Jorge Pinto Mondego, 25 anos,
na noite da última segunda-feira em frente à residência da família,
reforça as denúncias de constantes ameaças sofridas pelos agentes,
relacionadas ao trabalho que realizam dentro do sistema penitenciário. A
polícia ainda está investigando, mas há fortes suspeitas de que a
emboscada foi encomendada por facções criminosas de dentro do presídio
Urso Branco”, afirma Anderson Pereira, presidente do Singeperon
(Sindicato dos Agentes Penitenciários, Sócio Educadores, Técnicos
Penitenciários e Agentes Administrativos Penitenciários de Rondônia).
Ele afirma que na hora em que o crime foi consumado, houve uma
comemoração dentro do Urso Branco.”Este é o primeiro assassinato de
agente que ocorre neste ano em Rondônia, mas este é um problema
nacional, ocorre em todos os Estados e já há notícia sobre uma lista de
marcados para morrer em Rondônia”, informa Pereira.
Jorge Pinto Mondego, 25 anos, vinha denunciando ameaças de morte e
foi assassinado na noite de segunda-feira com um tiro certeiro na
cabeça, na frente de casa, onde conversava com uma cunhada, na rua
Tamareira, bairro Caladinho. O assassino chegou ao local de bicicleta,
avisou que ele seria morto e atirou. O rapaz morreu antes de chegar no
hospital. O agente trabalhava há três anos na função e estava lotado no
presídio Urso Branco. O Singeperon está veiculando a fotografia de um
detento, que é apontado como um dos principais suspeitos do crime.
O corpo foi velado ontem na casa em que Jorge foi assassinado, com a presença de muitos agentes penitenciários. A família não quis comentar o ocorrido. Ele era casado e deixou uma filha de quatro meses.
O corpo foi velado ontem na casa em que Jorge foi assassinado, com a presença de muitos agentes penitenciários. A família não quis comentar o ocorrido. Ele era casado e deixou uma filha de quatro meses.
Para Anderson Pereira, a morte de Jorge vem confirmar uma situação
que vem sendo denunciada há tempo. Os agentes vivem em bairros
periféricos, onde também vive a maioria dos detentos, e são alvos
constantes de ameaças ligadas à função que exercem nos presídios. “Os
agentes que trabalham para que as leis do sistema penitenciário sejam
cumpridas ficam sob a mira das facções. Os presos levam medidas tomadas
pelos agentes para o lado pessoal”, afirma. A falta de condições de
atendimento aos direitos dos presos também provoca revolta. Ele cita
como exemplo, o caso de o sistema não dispor de um medicamento e o
apenado achar que o remédio não lhe é entregue por má vontade do agente.
Porte de arma negado
Apesar de ameaçados constantemente, a categoria não têm direito a
porte de arma, uma reivindicação antiga. Em Rondônia, foi criada no ano
passado a Lei 2775, que concede este direito, mas não é acatada por
contrariar uma lei federal que proíbe o porte de arma. Logo depois da
morte de Jorge Mondego, três agentes que estavam no bairro Caladinho
para ajudar nas investigações foram presos por porte de arma. Eles
permaneceram presos desde às 22:30h até as 5h e foram soltos sob fiança.
Para o assessor jurídico do Singeperon, Gabriel Tomasete, “o governo
do Estado deveria entrar em um entendimento. Se a lei estadual está em
vigor, os policiais militares e civis não poderiam prender os agentes
que estejam portando armas”. De acordo com Anderson Pereira, há uma
briga judicial com relação à referida lei”. Ele pede ao governo, “um
olhar diferenciado sobre o problema, levando em conta que os agentes
trabalham com dificuldades para fazer com que prevaleça a Lei de
Execução Penal dentro do sistema penitenciário”. Para Anderson Pereira,
“o fato de não ter direito ao porte de arma fragiliza os agentes
penitenciários”.
http://diariodaamazonia.com.br/presos-teriam-comemorado-morte/
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