AGENTE CORACI

sábado, 27 de julho de 2013

No Pará ex-presos foram contratados pelo governo para desempenhar a função de agente penitenciário no Estado.


Aliny Gama  

Do UOL, em Maceió

Ex-presos foram contratados pelo governo do Pará para desempenhar a função de agente penitenciário no Estado. O Sepub (Sindicato dos Servidores Públicos do Pará) informou que foram três contratações. A Susipe (Superintendência do Sistema Penitenciário) confirma duas.
Para o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Pará, Ezequiel Sarges, a ressocialização dos ex-detentos é importante, mas desde que haja restrição para a função para que não exponha o sistema a ex-presos.
"Não somos contra a ressocialização do preso, mas sim contra a função que o Estado está dando para eles trabalharem. Um egresso tornando-se agente penitenciário vai saber de toda fragilidade do sistema e estará mantendo contato com colegas de cela. Isso é incompatível com a função, que é de dar segurança ao sistema, e passa do absurdo", disse Sarges.
O presidente do Sindpol (Sindicato dos Policiais Civis do Pará), Rubens Teixeira, também criticou as contratações. Para ele, a Susipe(Superintendência do Sistema Penitenciário) do Pará coloca em risco os trabalhadores, os próprios presos e a sociedade.
"Como é que um ex-preso, que estava inserido no sistema, por mais que tenha cumprido a pena, possa depois estar tomando conta de carceragem? Tendo contato direto com ex-colegas de cela. A função é totalmente incompatível", disse Teixeira.
Sarges afirmou que um dos egressos do sistema prisional está trabalhando no Hospital Penitenciário, localizado no complexo prisional no município de Santa Isabel do Pará (a 48km de Belém), que reúne sete penitenciárias.
Segundo o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Pará, após a entidade saber da contratação dos três ex-presos, o governo do Estado afastou um dos contratados, mas ainda mantém outros dois.
"Já sabemos onde um deles está trabalhando, que é o hospital, mas o segundo estamos levantando o local. Temos o nome e cópia contrato do outro ex-preso."
De acordo com o Sepub, para exercer a função de agente penitenciário no Pará não é necessário concurso público e os servidores assinam contrato de um ano podendo ser prorrogado por mais um ano direto com a Susipe.
O sindicato cobra a realização de concurso público para agente penitenciário no Pará para que haja maior controle da triagem dos profissionais.
O Sepub informou que 99% dos agentes penitenciários do Pará trabalham com contrato de trabalho e apenas 1% é efetivo.
"Nunca houve concurso público porque no Estado a função de agente penitenciário não foi reconhecida como profissão. Quem é efetivo é que ingressou no sistema há anos e conseguiu estabilidade", contou Sarges.
A remuneração de um agente penitenciário no Pará é de R$ 1.600.
De acordo com dados do Sepub, existem pelo menos 2.000 agentes penitenciários e 12 mil internos no sistema prisional do Pará.

Afastamento

Em nota, a Susipe informou que o governo do Estado realiza programas para contratação de ex-presos para ajudar a ressocializá-los, como também no mercado de trabalho dando oportunidade a eles trabalharem em outros setores administrativos.
A Susipe negou a denúncia do sindicato dos agentes penitenciários de que foram três ex-presos contratados e só reconheceu a contratação de dois.
Segundo o texto, o agente penitenciário irregular já foi exonerado. A Susipe informou que o ex-servidor apresentou documentação falsa e por isso foi aprovado para o cargo.
"O outro servidor já havia cumprido sua pena e possui todas as suas certidões negativadas, ou seja, é um cidadão como outro qualquer. Não consta nenhuma pendência criminal que o impeça legalmente de exercer qualquer atividade profissional, mas após avaliação da Corregedoria do órgão foi decidido que o servidor seria distratado por incompatibilidade", informou a nota da superintendência.
Com relação ao concurso público para contratação de agentes penitenciários, a Susipe informou que está em processo de estudo pela Sead (Secretaria de Administração do Estado), em parceria com a Segup (Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social) e a própria Susipe a elaboração de um edital, deverá ser publicado até o final de 2014. Serão disponibilizadas 1.000 vagas inicialmente.


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