Dourados Agora
Agentes
penitenciários de Mato Grosso do Sul vão “fechar” os presídios do Estado, entre
os dias 1 e 10 de agosto. Neste período nenhum preso será recebido nos
presídios, devendo assim serem encaminhado para delegacias.
A
medida de suspensão foi tomada em assembléia ontem e tem como finalidade chamar
a atenção do Governo do Estado para o déficit de 1,2 mil servidores além da
falta de estrutura nas unidades carcerárias. Em todo o Estado faltam 5 mil
vagas nos presídios e a superlotação é tida como “bomba-relógio” para novas
rebeliões e fuga em massa.
De
acordo com o delegado do Sindicato dos Servidores da Administração
Penitenciária (Sinsap/MS), Agripino Bogarim Benites, os agentes estão reféns
dos presos. “Estamos com menos da metade do efetivo e como defesa pessoal temos
apenas um apito. São mais de 100 presos para cada agente. A única coisa que dá
para fazer é apitar, correr e rezar”, conta.
Agripino
conta que o Governo do Estado anunciou ontem o concurso público para 230
agentes, porém este número é ínfimo para a demanda de 1,2 mil agentes. “O
Sindicato defende o mínimo de 600 novos servidores”, destaca.
Segundo
o Sindicato, o Presídio de Segurança Máxima de Dourados Penitenciária Harri
Amorim Costa, PHAC, apresenta mais de 1,8 mil presos para uma capacidade de
773, e 14 servidores de plantão nas galerias e pavilhões. Em Ponta Porã, a
Unidade “Ricardo Brandão” conta com 295 internos, para uma capacidade de 120, e
uma equipe de plantonista de 3 a 4 agentes.
A
Penitenciária de Amambai apresenta uma capacidade para 67 internos e atualmente
conta com 182 presos, para equipes de plantonista de 2 a 3 servidores por
plantão. “O risco é eminente e permanente, não só aos servidores, mas com
possibilidades evidentes de rebeliões e fuga em massa, por conta da superlotação
e falta de servidores. Essa situação já dura há anos”, alerta Agripino.
Segundo
ainda o Sindicato, em Mato Grosso do Sul, são 44 unidades penais, para um pouco
mais de 1 mil servidores. “Estes agentes são obrigados a se sujeitar ao
estresse diário e plantões extraordinários, para melhorar o salário e ainda
manter as unidades funcionando. Só no Semiaberto de Dourados, existe hoje mais
50% dos servidores plantonistas em cumprimento de atestado médico psiquiátrico,
por conta dos riscos do aumento de presos e falta de segurança. São servidores
que ao longo de 30 anos nunca apresentaram atestado médico e começam a procurar
por tratamento. Demonstrando que o sistema começa a ruir também através dos
agentes.”, conta.
Conforme
Agripino, a Secretaria de Segurança Pública de MS tem informado ao Sindicato
que pretende criar mais 2 mil vagas nos presídios em 2014, e diz que já executa
a ampliação do Presídio masculino de Corumbá, a ampliação do Presídio de
trânsito de Campo Grande e o presídio Semiaberto de Dourados.
O
Estado, segundo o sindicato, tem ainda meta de cadastrar projetos para a
construção de mais 10 cadeias públicas com média de 200 vagas cada. O problema,
conforme Agripino é que atualmente o sistema penitenciário de MS, apresenta um
quadro de servidores que estão doentes em tratamentos psiquiátricos.
“Neste
sentido o Sindicato deliberou que além da suspensão do recebimento de presos,
vai reivindicar a abertura imediata de concurso público para no mínimo 600
vagas de agentes penitenciários e vai rejeitar as 230 vagas oferecidas pelo
Estado”, destaca, observando que os agentes não vão assumir mais nenhuma
unidade penal.
A
redação entrou em contato com a Assessoria do Estado que ficou de se posicionar
sobre o assunto nos próximos dias.
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